quarta-feira, 24 de julho de 2013

Fotogramas da Moda

Por C.A.Macchia
Quando os irmãos Auguste e Louis Lumière, em 28 de dezembro de 1895 projetaram em uma tela branca no subterrâneo do Café Paris um dos dez rolos de filme com durações entre 40 e 50 segundos, intitulado “A chegada do trem à Estação Ciotat”, além do inusitado e conseqüente pânico que causou a cena de uma composição parecendo romper o écran e atingir uma terceira dimensão, também sobre esta superfície branca surgia a maior e mais influente passarela do mundo da moda.

Cartaz dos Irmãos Lumière
Desse longínquo dia até hoje o cinema passou a ter forte influência sobre gostos e costumes em todo o planeta.
Como o tema é infinito, pois você leitor veste-se, age, reflete, faz citações, alegra suas conversas, sempre com alguns fotogramas que lhe marcaram a vida até este momento, vamos iniciar com um marco dos anos 70.

a moda e os anos 70
1977
De repente o final de uma década marcada pela guerra fria, o medo de uma explosão nuclear, o câncer como signo da sentença de morte, as ditaduras latino-americanas  criaram o ambiente para uma geração que tinha no medo sua tradução maior.
Reprimida pois não viveu Woodstock, Beatles, a Era de Aquário passou sem nada trazer de bom ou mau, e o livro mais influente para muitos era “Eram os deuses astronautas” de um medíocre contador suíço chamado Erich von Daniken, que dizia que nada que a humanidade construiu ao longo de sua história era mérito do prodígio humano, mas sim de seres cósmicos que vinham brincar de parquinho em nosso planetinha azul.
Era o coup de grace nas vãs esperanças dessa geração assustada.
Bem, de repente surge um personagem de terno branco, camisa preta, sapato de salto alto que parecia levitar sobre uma pista de luzes multicoloridas ao som de uma batida contagiante de outros garotos de Liverpol, que atendiam pelo nome de Bee Gees.
Foi o suficiente.
Do dia para a noite o mundo era de Tony Monteiro, conhecido atualmente como John Travolta.

John Travolta e o filme Os embalos de sábado a noite
“How Deep Is Love” era o background de qualquer situação romântica.
Seja das festinhas de garagem aos saraus de domingos. Noivos casaram-se sob este tema. Não interessa se estivesse em Katmandu ou no Crato. A letra era o de menos. O som era o máximo. Claro que o álbum duplo do filme era o objeto de consumo de todos.
Porém, a música era apenas uma parte desse cenário.
Sem os coletes, as calças coladas de boca sino, os sapatos plataforma nenhum mancebo podia ter sucesso.
Claro que as coquetes também tinham sua indumentária de vestidos até a canela, preferencialmente de cores fortes, pintura com muito brilho e cabelos longos e cacheados, além das meias três quartos coloridas, e sandálias de salto alto.
Chinês, Norueguês, Paulistano, para quebrar a rima barata entravam nas Discotecas com coreografias ensaiadas e as roupas rigorosamente definidas.
O mundo entrou na febre do sábado a noite. Uma febre que alegrou ao menos o fim de uma década assustadora.
No Brasil a novela Dancin’ Days, consagrou esta moda. Ninguém com mais de 15 anos e menos de 20 saía de casa para uma Discoteca sem seus trajes de Saturday Night Fever.
Claro que existiam as outras tribos como a turma do chamado “rook pauleira”, mas era de fato uma minoria.
Durante três anos todos viviam uma “Night Fever” que aqueceu uma geração planetária.
Assim as fibras sintéticas, as maquiagens berrantes, as camisas sociais utilizadas de forma despojada romperam uma série de preconceitos e criaram muitos outros.

O fato é que o cinema é a passarela.
Através dele um roteiro de estilos é criado para você.
Até mais.