Por C.A.Macchia
Quando os irmãos
Auguste e Louis Lumière, em 28 de dezembro de 1895 projetaram em uma tela
branca no subterrâneo do Café Paris um dos dez rolos de filme com durações
entre 40 e 50 segundos, intitulado “A chegada do trem à Estação Ciotat”, além
do inusitado e conseqüente pânico que causou a cena de uma composição parecendo
romper o écran e atingir uma terceira dimensão, também sobre esta superfície
branca surgia a maior e mais influente passarela do mundo da moda.
Desse longínquo dia até hoje o cinema passou a ter forte influência sobre gostos e costumes em todo o planeta.
Desse longínquo dia até hoje o cinema passou a ter forte influência sobre gostos e costumes em todo o planeta.
Como o tema é
infinito, pois você leitor veste-se, age, reflete, faz citações, alegra suas
conversas, sempre com alguns fotogramas que lhe marcaram a vida até este
momento, vamos iniciar com um marco dos anos 70.
1977
1977
De repente o final
de uma década marcada pela guerra fria, o medo de uma explosão nuclear, o
câncer como signo da sentença de morte, as ditaduras latino-americanas criaram
o ambiente para uma geração que tinha no medo sua tradução maior.
Reprimida pois não
viveu Woodstock, Beatles, a Era de Aquário passou sem nada trazer de bom ou
mau, e o livro mais influente para muitos era “Eram os deuses astronautas” de
um medíocre contador suíço chamado Erich von Daniken, que dizia que nada que a
humanidade construiu ao longo de sua história era mérito do prodígio humano,
mas sim de seres cósmicos que vinham brincar de parquinho em nosso planetinha
azul.
Era o coup de grace
nas vãs esperanças dessa geração assustada.
Bem, de repente
surge um personagem de terno branco, camisa preta, sapato de salto alto que
parecia levitar sobre uma pista de luzes multicoloridas ao som de uma batida
contagiante de outros garotos de Liverpol, que atendiam pelo nome de Bee Gees.
Foi o suficiente.
Foi o suficiente.
Do dia para a noite
o mundo era de Tony Monteiro, conhecido atualmente como John Travolta.
“How Deep Is Love”
era o background de qualquer situação romântica.
Seja das festinhas
de garagem aos saraus de domingos. Noivos casaram-se
sob este tema. Não interessa se
estivesse em Katmandu ou no Crato. A letra era o de
menos. O som era o máximo. Claro que o álbum
duplo do filme era o objeto de consumo de todos.
Porém, a música era
apenas uma parte desse cenário.
Sem os coletes, as
calças coladas de boca sino, os sapatos plataforma nenhum mancebo podia ter
sucesso.
Claro que as
coquetes também tinham sua indumentária de vestidos até a canela,
preferencialmente de cores fortes, pintura com muito brilho e cabelos longos e
cacheados, além das meias três quartos coloridas, e sandálias de salto alto.
Chinês, Norueguês,
Paulistano, para quebrar a rima barata entravam nas Discotecas com coreografias
ensaiadas e as roupas rigorosamente definidas.
O mundo entrou na
febre do sábado a noite. Uma febre que
alegrou ao menos o fim de uma década assustadora.
No Brasil a novela
Dancin’ Days, consagrou esta moda. Ninguém com mais de
15 anos e menos de 20 saía de casa para uma Discoteca sem seus trajes de
Saturday Night Fever.
Claro que existiam
as outras tribos como a turma do chamado “rook pauleira”, mas era de fato uma
minoria.
Durante três anos
todos viviam uma “Night Fever” que aqueceu uma geração planetária.
Assim as fibras
sintéticas, as maquiagens berrantes, as camisas sociais utilizadas de forma
despojada romperam uma série de preconceitos e criaram muitos outros.
O fato é que o cinema é a passarela.
O fato é que o cinema é a passarela.
Através dele um
roteiro de estilos é criado para você.
Até mais.