Se você curte aquela sensação de entrar numa sala de desfile, o ar
condicionado, o ambiente escuro, música alta, as pessoas vestidas com muito
estilo vai gostar desta nova tendência americana para angariar público para os
museus.
Exposição sobre a influência do punk na moda no museu Metropolitan, em Nova York
Pelo menos 17 mostras com foco em roupas e acessórios estão em cartaz ou
sendo montadas em instituições no país, segundo um levantamento feito pela
Folha de São Paulo. Os cenários lembram verdadeiras semanas de moda e os
manequins expostos estão vestidos por estilistas aclamados muito conhecidos
pelo público que gosta de moda e pouco conhecido pelos frequentadores de
museus.
A pesquisa revelou, ainda, que o público que viu a exposição do
estilista Alexander McQueen é igual – em números – ao de Mona Lisa. É
claro que existe muito mais exposições com obras como Mona Lisa e pouquíssimas
sobre moda nos grandes museus.
John Galliano para primavera/verão de 2001, que
ilustra livro da mostra do Metropolitan
No entanto a inacessibilidade da maioria das
pessoas que gostam de moda aos grandes desfiles tornam um sucesso as exposições
de moda em museus porque podemos ver de perto aquela peça tão desejada e
copiada por tantos.
"As pessoas se atraem porque moda faz parte da vida delas.
Quando compramos, olhamos o material, o estilo e a forma", afirma Sarah
Schleuning, curadora do High Museum of Art, de Atlanta, que abriu uma série com
a meta de alcançar quatro mostras de joias até 2014.
Trabalho de Vivienne Westwood, de 1970, exposto em
Nova York
Sem nunca antes ter realizado uma grande exposição voltada para o
assunto, o Seattle Art Museum aderiu à moda e registrou público 50% superior ao
estimado em uma exibição inaugurada recentemente mostrando três décadas de
influência fashion japonesa (e vários looks dos estilistas Rei Kawakubo e Yohji
Yamamoto, é claro).
Vestido da exposição sobre moda japonesa, em Seattle
Em Nova York, o museu
Metropolitan vai abrir em novembro uma retrospectiva do designer de joias
francês Joel A. Rosenthal, e isso logo depois da exposição "Punk: Chaos to
Couture", que termina agora. Essa, sobre a influência do movimento punk
nas passarelas, foi aberta em maio (2013) sob forte expectativa de sucesso de
público, característica que se repete na maior parte dos eventos, seja qual for
o estilo exibido.
O repertório hippie de uma mostra
apresentada no Museum of Fine Arts de Boston, que desde os anos 1960 despe seu
acervo para eventos de moda, sinalizou que neste ano o assunto ganhou mais
popularidade, segundo a curadora, Lauren Whitley: "'Hippie Chic' nos fez
perceber um novo público não familiarizado com os eventos anteriores do
museu", diz.Algumas instituições, entretanto,
negam que a escolha de temas relacionados à moda seja orientada pelo apelo à
audiência, o que eu duvido.
"Moda é também um trabalho
de arte e tem significados e representações culturais tão importantes quanto a
pintura", responde um porta-voz do Norton Museum of Art, de West Palm
Beach, instituição que vai abrir em janeiro sua mostra de joias.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br – por Joana Cunha