terça-feira, 13 de agosto de 2013

Vicunha demite 300 funcionários e fecha unidade de fios de viscose

Enquanto o governo se preocupa com seus vôos particulares em jatinhos do estado, deixa obras – monumentais – inacabadas, como hospitais, escolas e outras tantas, empresas tradicionais fecham suas portas, demitem e aumentam o índice de desempregados para colocar mais e mais pessoas na lista dos bolsa-auxílio – entenda-se por bolsa-voto.
A unidade de fios de viscose da Vicunha Rayon Têxtil, em Americana, vai fechar as portas da linha de produção e demitir 300 trabalhadores a partir de quinta-feira. A empresa comunicou a decisão ontem ao Sindicato dos Trabalhadores Têxteis. De acordo com a entidade, a decisão já vinha sendo protelada, até o momento em que a crise do setor impediu que as atividades tivessem continuidade. A produção de fios de viscose no grupo teve início originalmente em 1949, com a Snia-Viscose, adquirida pelo Grupo Vicunha em 1982.
"A Vicunha já vinha, há cerca de um ano, protelando essa decisão. Vínhamos conversando e buscando alternativas. A empresa esperou para ver se o mercado melhorava, mas está cada vez mais complicado para o segmento têxtil, principalmente para as fiações", comentou o presidente do sindicato que representa a categoria, Antonio Martins. "É um impacto muito grande, tanto social como psicológico. A empresa é uma das maiores do Brasil. Pegou a gente de surpresa, mas é o fim de uma história que já se desenrolava há muito tempo", completou o sindicalista.

A entidade informou que as demissões serão efetivadas na quinta-feira. A empresa pagará a indenização pela dispensa dos funcionários e, dessa forma, não será necessário o cumprimento de aviso prévio, ainda segundo o sindicato. O setor de fiação de viscose representava cerca de 70% do quadro da empresa. Aproximadamente 150 funcionários seguirão na unidade de celulose.

Para o presidente do Sinditec (Sindicato das Indústrias Têxteis de Americana e Região), Dilézio Ciamarro, o caso da Vicunha serve de exemplo para demonstrar as dificuldades enfrentadas pelo segmento, frente a importação vinda da Ásia, considerada desigual. "O governo precisa abrir os olhos para as empresas da cadeia têxtil, que não estão aguentando a diferença da competição com os produtos importados. Precisa ser feito algo 'para ontem'. O caso da Vicunha é mais uma situação emblemática para representar os problemas do setor. Ela mostra que não vale mais a pena produzir fios no Brasil", disse ele. Os números do déficit da empresa e da dispensa de funcionários serão incluídos na apresentação que os empresários representantes do setor farão em Brasília, no dia 20, em reunião com deputados federais, segundo Dilézio, visando a votação do veto presidencial que impediu o fim da multa de 10% sobre o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço).

Fonte: www.portalliberal.com.br – por Bruno Moreira