Enquanto
o governo se preocupa com seus vôos particulares em jatinhos do estado, deixa
obras – monumentais – inacabadas, como hospitais, escolas e outras tantas,
empresas tradicionais fecham suas portas, demitem e aumentam o índice de
desempregados para colocar mais e mais pessoas na lista dos bolsa-auxílio –
entenda-se por bolsa-voto.
A
unidade de fios de viscose da Vicunha Rayon Têxtil, em Americana, vai fechar as
portas da linha de produção e demitir 300 trabalhadores a partir de
quinta-feira. A empresa comunicou a decisão ontem ao Sindicato dos
Trabalhadores Têxteis. De acordo com a entidade, a decisão já vinha sendo
protelada, até o momento em que a crise do setor impediu que as atividades
tivessem continuidade. A produção de fios de viscose no grupo teve início
originalmente em 1949, com a Snia-Viscose, adquirida pelo Grupo Vicunha em
1982.
"A
Vicunha já vinha, há cerca de um ano, protelando essa decisão. Vínhamos
conversando e buscando alternativas. A empresa esperou para ver se o mercado
melhorava, mas está cada vez mais complicado para o segmento têxtil,
principalmente para as fiações", comentou o presidente do sindicato que
representa a categoria, Antonio Martins. "É um impacto muito grande, tanto
social como psicológico. A empresa é uma das maiores do Brasil. Pegou a gente
de surpresa, mas é o fim de uma história que já se desenrolava há muito
tempo", completou o sindicalista.
A
entidade informou que as demissões serão efetivadas na quinta-feira. A empresa
pagará a indenização pela dispensa dos funcionários e, dessa forma, não será
necessário o cumprimento de aviso prévio, ainda segundo o sindicato. O setor de
fiação de viscose representava cerca de 70% do quadro da empresa.
Aproximadamente 150 funcionários seguirão na unidade de celulose.
Para
o presidente do Sinditec (Sindicato das Indústrias Têxteis de Americana e
Região), Dilézio Ciamarro, o caso da Vicunha serve de exemplo para demonstrar
as dificuldades enfrentadas pelo segmento, frente a importação vinda da Ásia,
considerada desigual. "O governo precisa abrir os olhos para as empresas
da cadeia têxtil, que não estão aguentando a diferença da competição com os
produtos importados. Precisa ser feito algo 'para ontem'. O caso da Vicunha é
mais uma situação emblemática para representar os problemas do setor. Ela
mostra que não vale mais a pena produzir fios no Brasil", disse ele. Os
números do déficit da empresa e da dispensa de funcionários serão incluídos na
apresentação que os empresários representantes do setor farão em Brasília, no
dia 20, em reunião com deputados federais, segundo Dilézio, visando a votação
do veto presidencial que impediu o fim da multa de 10% sobre o FGTS (Fundo de
Garantia por Tempo de Serviço).